The Moonlight #5




- Desculpa por aquilo de há bocado - disse - Não queria parecer mandão. 
- Pois, mas pareceste. - qualquer sorriso meu para ele se desfez num instante.
- Não era a minha intenção Luna. Só que eu nunca não consegui ler a mente de alguém, fiquei assustado com isso - explicou. 
- Pronto, está bem. Não vamos mais pensar nisso. 
       Fiquei admirada comigo própria pela facilidade com que me chateava com Sol e depois o perdoava. Será que também era assim com a avó? E estava meio que aliviada que ele não conseguisse ler os meus pensamentos. Só tinha que treinar a barreira agora para a avó. E sinceramente, tenho de começar a ler aquele caderno que ela deu. 
- Posso perguntar-te uma coisa? Já que não te posso ler.. - disse Sol. 
- Bem, podes - respondi. 
- Achas-me atraente?
      Ri-me imenso. 
- Isso é um não? 
- Estás a falar a sério, Sol? 
- Sim, muito - ele sorriu num tom de gozo mas também algo me dizia que ele estava a falar a sério.
- Na verdade, acho-te super bonito mesmo - ele já ia soltar aquele sorriso engatatão quando falei - Mas, a tua personalidade é horrível. 
- Como assim? Horrível?! 
- Sim - levantei-me. 
- Luna, explica-te. 
- Talvez numa próxima. A avó precisa da minha ajuda. Depois falamos. 
      Fui-me embora deixando-o à nora. Nem eu sei onde quero chegar com isto. Foi uma coisa do momento. Acho que se pode chamar isso. 
       Entrei na cozinha e avó já tinha tudo pronto. O bolo, o jantar, tudo. 
- Voltaste a usar os poderes? Já te avisei que é perigoso avó. 
- Sim  mas hoje é uma ocasião especial. 
- São todas, não é? 

      Sentei-me e a avó chamou Sol para jantarmos. Sol e avó contaram-me histórias que se passou com eles, eu e a avó contámos a Sol outras. Foi um bom jantar. Éramos só os três porque assim que decidi juntar-me a esta cruzada, a minha vida, os meus colegas e o meu trabalho tinham de ficar para trás.
     E a minha hora preferida chegou! Fomos para o jardim à frente do alpendre. Estava uma noite linda. A Lua estava mais luminosa que nunca, um quarto crescente tão definido e tão brilhante que era lindo de ver. 
- Estás linda, Luna - disse Sol. 
- Obrigada - disse, nada à espera do comentário dele.
      A avó colocou o bolo na mesa do alpendre e festejámos o meu aniversário sobre a Lua. E os meus 21 anos estavam quase completos. 
- Parabéns minha princesa, minha Lua. - olhou-me orgulhosa - Amo-te muito querida, e espero que consigas cumprir todos os teus objetivos neste novo ano - disse a avó, quase em lágrimas e a sorrir. 
- Obrigada, avó, por tudo. Amo-te muito! - abracei-a com um sorriso enorme. 
- Luna - chamou Sol. 
- Sim? 
- Podes vir cá um minuto, por favor? 
      Separei-me da avó e fui ter com ele perto da árvore no canto do jardim.
- Sim, Sol? - perguntei. 
- Queria dar-te isto - mostrou um colar prateado com a lua e o sol unidos, num só. 
- Sol! Não era preciso teres comprado um colar - disse babada. 
- Não comprei, Luna, fiz eu próprio.
- Oh, ainda pior! Não era preciso teres perdido tempo com presentes... 
- Então, não gostaste? - perguntou triste.
- Não, nada disso. Adorei mesmo, obrigada - sorri. 
       Sorriu - Deixa-me colocar-te - pediu. 
      Levantei o meu longo cabelo escuro e virei-me de costas para Sol para poder colocar o colar no meu pescoço. Preparei-me para o frio que traria o colar mas surpreendi-me. O colar estava quente, um quente reconfortante. As mãos de Sol, nem chegaram a tocar-me enquanto me colocava o colar mas, emanavam um calor abrasador e único. Era calmo e trazia paz, serenidade. Aquecia-me a alma. Depois de colocar o colar, tocou-me nos ombros, acariciou-os e percebi que sorria. Virei-me. 
- Que tal me fica? - perguntei tímida. 
- Perfeita, ainda mais - respondeu. 
      Naquele momento, nenhum defeito dele me ocorreu na cabeça. Éramos só nós à luz da Lua e o momento era perfeito. Os seus olhos âmbar ficaram num tom dourado maravilhoso, a cor da sua pele realçava ainda mais com a luz perfeita da Lua e tudo nele era maravilhoso. Pensei em ficar assim com ele para sempre, afinal, ele podia nem ser tão mau quanto eu pensava. Pensei em perder-me naquele dourado que era o seu olhar e ficar ali o resto da vida. Estava a perder-me por Sol. E eu, apesar da nossa imensa atração, não iria permitir tal coisa.
- Hum, tenho de ir...ali.. - disse apontando para o alpendre - hum, depois falamos? Sim, depois falamos, até já - e fui-me embora procurar o buraco mais perto para me esconder. 
     Reparei que Sol tentara dizer alguma coisa para ficar, mas a minha consciência agiu mais depressa e fui-me embora. O que se tinha passado ali, debaixo daquela árvore? Graças a Deus que Sol já não conseguia ler os meus pensamentos... só a minha figura... O chato era a avó a estar a revistar cada segundo do que se passou ali na minha cabeça. Tenho a certeza que se ela lesse os meus pensamentos, nada diria porque mais constrangida não posso ficar.
     Fui ter com ela para cortar-mos o bolo e cantarmos a tradicional canção dos parabéns. Como sempre não sabia como reagir, principalmente agora que Sol estava mesmo à minha frente, a um bolo de distância de mim. Sorria apesar do ambiente estranho entre nós. 
     Apaguei as velas, e cada um ficou com uma fatia de bolo. Fui sentar-me no chão do alpendre, de maneira a ver a Lua enquanto saboreava o maravilhoso bolo feito por mim e pela avó (mais pela avó) e pensar nas coisas. De como a minha vida daqui para a frente iria mudar por completo. Já sentia falta dos meus velhos hábitos.
- Vai tudo correr bem, eu prometo - disse Sol quando se sentou ao meu lado. 
      Não lhe respondi, não era preciso. Apenas ficámos ali os dois, a observar a Lua, a esperar que o futuro nos reserve coisas boas e a tentar descobrir o que nós os dois tínhamos. 

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