The Battle: Part Two #56




     Tema levantou-se e viu Qaya caído um pouco mais à frente. 
- O que lhe aconteceu? 
- Não sei, mas morto não está - Noir encolheu os ombros. - Deixa estar, ele já se levanta - disse e deu um toque no ombro de Tema e este concentrou-se no seu oponente. 
     A Estrela de Lymph pegou na sua lança encantada e esticou-a até ao pescoço de Sol. 
- Força - encorajou Sol. 
- Vamos lutar a sério.
     Tema atirou-lhe o Punhal transformado e Sol levantou-se. Sol passou o antebraço no lábio a limpar o risco de sangue que corria. 
     Ambos inclinaram-se ligeiramente, Sol com uma mão à defesa e outra a segurar a arma firmemente. Tema tinha ambas as mãos na lança. Andavam à volta dum circulo imaginário, sempre à mesma distância um do outro. Tema tinha o seu típico sorriso convencido e matreiro nos lábios, enquanto que Sol estava mais sério, a analisar tudo quanto podia.
- Sabes, sempre imaginei que isto durasse uns meros dez minutos. Podia matar-vos num instante. 
- Mas não o fizeste. Então é suposto achar-te generoso ou cobarde? 
     Ele riu-se. Sol sabia que se investisse num ataque primeiro iria morrer num instante. E então decidiu esperar pelo ataque da sua Estrela oponente. Fingiu-se distraído e logo a seguir o seu punhal estava lado a lado com a arma de Tema. Aparentemente as duas armas guardavam um poder similar. Ambas destruiriam o ataque uma da outra.
     Tema atacou e Sol defendeu-se mas o primeiro conseguiu fazer um arranhão superficial na bochecha do outro. A Estrela de Gelo estava a perder a paciência e por isso encadeou o poder da lança. Fogo azul surgiu dela, desta vez mais poderoso, mais perigoso. Sol estaria muito preocupado em relação à sua vida se não tivesse sentido um arrepio a percorrer o seu corpo inteiro. Luna. Ela estava viva e a enviar o máximo de poder que conseguia para o punhal. Com a energia do Sol e da representação da Lua combinados o punhal libertou uma energia muito mais poderosa que a do Tema. A esplêndida cor que a arma de Sol transmitia lembrava um belo por do sol com um traço leve do céu azul. O calor que ela emanava era deveras poderoso. E Tema não acreditava no que os seus olhos viam. 
- Como? - murmurou ele sem espera de resposta. 
- Isto é o poder de algo que nunca irás merecer. Amor - respondeu ele. 
     Sol atacou Tema com toda a sua força, investindo com o braço até chegar à lança de Tema que partiu-se em dois. As mãos da Estrela de Lymph ficaram desamparadas. O brilho vermelho da Pedra Kutsal deixou de resplandecer com ela partida aos bocadinhos, lentamente tornando-se areia e pó. 
- Lá se vai a tua Arma Secreta. 
- Ainda não me venceste - afirmou ele. 
     Um brilho vermelho surgiu nos olhos de Tema e lentamente ele levantou-se. 
- Vou gostar muito desta galáxia - Tema ergueu a Pedra e direccionou-a a Sol. - Adeus, Estrela de Fogo! - proferiu e finalmente enviou a luz vermelha ao seu oponente. 
- Não! - ouviu-se o grito da Luna. 
     Uma onda de poder da representante da Lua se espalhou pelo espaço. A luz vermelha apagou-se no segundo em que saiu da Pedra e todos caíram, à exceção dela. A onda de energia deixou-a tonta mas ela recuperou-se num instante, sendo a sua única segurança o batimento do coração de Sol a ecoar dentro dela. Luna estava sem fôlego e cansada mas fez o seu caminho até o seu o Tal. 
- Estás bem? - perguntou ela. 
- Eu é que devia perguntar-te isso - respondeu. 
- Estou bem - sorriu e encostou o seu rosto ao dele. 
       Luna ajudou Sol a levantar-se e foram procurar Mercúrio.
- O que é que aconteceu? - perguntou a passar a mão pelo cabelo.
- Hum, acho que explodi? Não interessa. Temos de acabar com isto. 
- Temos de recuperar o teu pai. 
- Como? 
- Onde está a Vénus? Ela pode curá-lo - disse Luna. 
- Ele não deve ter muita energia para isso, caso não tenhas reparado estamos a gastar o nosso poder todo - atirou Mercúrio. 
- Lembra-me de não falar contigo quando estás cansado - replicou Luna.
     Sol rondou o espaço com os olhos e encontrou o corpo de Vénus perto do de Plutão, caído, e com feridas graves.
- Vénus, acorda - disse Mercúrio pela terceira vez.
     Luna formou uma pequena porção de água nas mãos e atirou-a à cara da Vénus. Ela abriu os olhos instantaneamente e quando viu os três em cima dela gritou:
- Saíam de cima de mim! 
- Tens energia suficiente para tratar do meu pai? 
- Hum? 
- Tens energia? 
- Sim tenho, mas para quê? 
     Mercúrio pegou Vénus ao colo e ela quase que o matou.
- Larga-me já, Mercúrio! 
- Já te calavas - respondia ele.
     Vénus só se calou quando viu o corpo adormecido do Plutão no chão. 
- Ele está completamente possuído - Vénus afirmou enquanto passava a mão pelo rosto dele. - Não sei se consigo trazê-lo de volta porque ele não está ferido. Ele está bem, o seu corpo está bem. 
- Mas a alma dele não - Luna contrapôs. 
- Mas a alma dele não - murmurou Vénus. - Vou fazer tudo o que puder. 
      Vénus abriu as mãos e posicionou-as junto ao peito dele. Uma luz branca surgiu a partir das suas mãos que iluminou o peito de Plutão. Mas não por muito tempo. 
      Qaya ergueu-se ao lado de Plutão e abriu a mão a Vénus, atingindo-a com um raio de luz púrpura que a deixou inconsciente no chão.
- Foi um prazer, Vénus - e sorriu.  
     Luna, Sol e Mercúrio posicionaram-se em forma de ataque, afastando-se do local onde os Planetas estavam. Luna chegou a pensar que ele não os podia derrotar. Três contra um era demais. Mas enganou-se. Ela foi a primeira a cair, seguido de Mercúrio e, por fim, Sol foi entregue a Tema.





     Na mente de Plutão acontecia outra guerra entre a sua Luz e a Escuridão. O pouco que a Vénus tinha conseguido fazer fora o suficiente para o verdadeiro Plutão acordar e lutar contra toda àquela Escuridão que tomava posse do seu corpo. Contudo, a sua alma estava demasiado fraca. O seu ser estava demasiado fraco. Plutão estava a lutar por uma liberdade condenada sem qualquer hipótese de vencer. 
     Entretanto, Sol fora arrastado até Tema. Luna estava outra vez inconsciente e bastante ferida, Mercúrio caído e fraco, e o Plutão possuído pela Escuridão. Ele não via Vénus sequer.
     Qaya colocara Sol à frente de Tema mas eles estavam relativamente longe. Num espaço de segundos, Sol aceitara o seu destino, aceitara a sua morte. Noir e Qaya estavam atrás de Tema, prontos para verem a sua vitória a concretizar-se. 
- Últimas palavras? - sugeriu Tema.
      Sol ignorou a dor que vinha da sua bochecha, um suposto arranhão que doía muito mais do que devia como se um fogo se alastrasse pelo seu corpo, corroendo o seu próprio. Ele levantou os braços lentamente e antes de Tema conseguir pará-lo, a Estrela do Sistema Solar sugou o poder dos seus Planetas por momentos, e enviou o maior ataque para a sua Estrela oponente.
     Os Planetas de Lymph caíram, os do Sistema Solar ficaram enfraquecidos. Tema manteve-se de pé, como se afetado por uma tontura, com os olhos fechados, a mente baralhada, o corpo frio a aquecer e a aquecer. Ele sabia que, se esperasse mais, iria morrer. Portanto refez a sua pergunta, sem querer ouvir a resposta de Sol.
- Últimas palavras, Sol? 
- Vou morrer sabendo que te matei aos poucos. Isso basta-me. 
- Ainda bem.
     Tema enviou a mortal luz vermelha em direção a Sol. Ele sentia a adrenalina a correr pelas suas veias, o sentimento de vitória a percorrer a sua pele, quase a arrefecer o seu corpo subitamente escaldante. Mas então ele viu o longo cabelo ruivo e o vestido rasgado dela. Aconteceu tudo repentinamente. Os seus olhos arregalaram-se, o seu coração caiu das suas mãos. Tema largou a Pedra que se partiu aos infinitos bocadinhos.
     Vénus soltou um grito abafado e caiu. 
     O corpo de Tema não parava de tremer. 
- Vénus - ele murmurou desamparado.
     Tema correu para o corpo moribundo da sua Tal. 
- Vénus - disse ele a tocar no seu rosto, com as mãos a tremerem. - Oh não, Vénus... - Tema pegou no corpo da sua amada e abraçou-a bem forte. - O que foi que eu te fiz... - as lágrimas escorreram pelo seu rosto. - Tu vais ficar bem, tu não vais morrer. Vénus, por favor - ele encostou a sua testa à dela, querendo senti-la o mais próximo de si quanto possível.
- Tema? - murmurou ela, tão baixinho que ele pensou estar a imaginar.
- Vénus - exclamou ele. - Desculpa-me, desculpa-me por tudo, por favor fica comigo - Tema implorava. 
- Não chores - ela sorriu levemente e passou a mão pelo rosto dele. - Eu fiz o que tinha de ser feito... - a voz dela não passava de um sussurro - para te tirar da sombra.
- Eu amo-te - disse ele.  
- Eu também te amo, muito - confessou. - Para sempre.  
- Desculpa-me - murmurou mas já era tarde de mais. 

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